terça-feira, 1 de abril de 2014

Vou compartilhar em meu blogue como foi o nascimento da minha primeira filha.
Bom, eu estava muito ansiosa para o nascimento dela. Então, quando eu completei sete meses de gravidez fui para a capital já me preparar para o parto. Porque no município que eu moro não possui condição alguma de se fazer um parto, seja ele normal ou cesário. Fiquei na casa de uma irmã minha.
Com alguns dias passei a perder sangue. Fiz uma ultrasson, mas estava tudo bem com minha filha, graças a Deus. Porém, o sangramento aumentou e minha irmã achou melhor que eu fosse para a maternidade. Ela chamou a ambulância do SAMU e eles me levaram para lá. Eu não estava me sentindo mal, estava super bem. Só que quando eu fui atendida, a doutora que me atendeu chamada Mônica percebeu que eu estava perdendo muito sangue e pediu para o enfermeiro medir minha pressão. Ele observou que estava 140/100. A médica, imediatamente,  mandou me internar. Fiquei na sala de pré parto e ao meu lado uma moça gritava muito de dor. As outras mulheres só choravam, mas não gritavam. Passei a noite acordada com os gritos dela. Mas havia uma enfermeira muito legal que me tratava com muita paciência e amor. No outro dia a médica achou melhor eu ficar internada no setor de risco, pois eu ainda estava no sétimo mês de gravidez e minha pressão voltou ao normal. Era necessário eu ficar internada até o bebê amadurecer. Eu estava tão apavorada com tudo isso. Sempre tive medo da dor de parto e depois de ter visto o sofrimento das mães na sala de pré parto, meu medo só aumentou. Fui mandada para o setor de risco.
O que eu gostava do setor de risco era a atenção que a gente recebia. De meia em meia hora as enfermeiras vinham até nossa sala e mediam nossa pressão, verificavam nossa temperatura e escutavam o coração do bebê. A alimentação era na hora certa, a quantidade exata e sem sal. Muito bom mesmo!
Depois de alguns dias internada a mesma médica que me atendeu quando dei entrada na maternidade, resolveu me mandar para a sala de pré parto, dizendo que já estava na hora da minha filha nascer. Fui encaminhada para lá e fiquei deitada na maca, mas eu não estava sentindo nada. Com a mudança de plantonista, entrou um médico muito grosseiro, tratava todos com aspereza. De repente fui levantar para ir ao banheiro para fazer xixi, quando escorreu um líquido pela minha perna. Eu era muito inexperiente, não entendia nada de parto, então falei ao médico que minha placenta tinha estourado. Ele perguntou com raiva:
- Você está doida? Se estivesse estourado estaria cheio de sangue no chão!
Precisava ele falar naquele tom e com aquelas palavras? Mas na verdade minha bolsa que tinha estourado.
Depois ele perguntou para a enfermeira:
- Quem mandou essa pequena pra cá?
- Ela foi mandada do setor de risco!
- Manda ela de volta pra lá!
É assim que recebemos tratamento em órgãos públicos.
Voltei para a sala de alto risco. Lá minhas colegas de quarto ficaram indignadas. Elas não se conformavam de ter estourado a minha bolsa e um médico ter mandado eu voltar para a sala.
No dia seguinte a doutora Mônica veio nos avaliar e as mulheres da sala falaram à ela o que tinha acontecido comigo. A doutora perguntou quem foi o médico que cometeu tal ato. Eu disse que não sei o nome dele, mas o descrevi a ela. Ela me mandou de volta para a sala de pré parto. Chegando lá, eles me colocaram no soro e introduziram uma pílula em mim para haver a dilatação.  Depois de um tempo eles introduziram outra pílula porque eu não senti dor. Eu chorava...pois via as mulheres gritando de dor e ninguém fazia nada...Então eu pensava: "eu também vou passar por isso." Aí que eu chorava mesmo. Os enfermeiros achavam que eu estava com dor por eu estar chorando, mas eu dizia que não estava sentindo nada, estava apenas com medo. Como as duas pílulas não fizeram efeito, eles resolveram me dar aquele soro que aumenta a dor. Fiquei desde meio dia até nove da noite e nada... À tarde, entrando outros plantonistas, uma doutora mandou preparar várias mulheres para o Cesário. Eu queria tanto ter sido escolhida por ela, porque me disseram que ela era muito legal, mas nada. Eu já não aguentava mais de tanta ansiedade pela demora no nascimento da minha filha. À noite mudou o plantão de novo, o médico da noite viu meu prontuário, a enfermeira que era amorosa lembrou de mim e relatou ao médico meu caso que mandou logo me prepararem para o Cesário. Pois não havia outra forma da minha filha nascer, já que eu não sentia dor. O que não esqueço é que entraram uns estudantes de medicina com uma médica e ela me disse que eles estavam aprendendo a prática e por isso iriam ver ela colocando em mim a sonda. Vê se pode!.. Você ficar de perna aberta para um monte de estudante verem o procedimento da sonda, se é que você me entende. É constrangedor! Mas tudo bem! Entao Ela colocou a sonda e explicava o passo a passo para os alunos, e eles só de olho para saberem como é que se faz, depois fui para a sala de cirurgia. Era umas 21:35 da noite quando entrei na sala de cirurgia. O anestesista teve dificuldade em acertar o local certo em minha coluna para me anestesiar. Levei sete furada de agulha na coluna, até que ele conseguiu me anestesiar. E os estudantes juntos. Dentro de  alguns minutos, depois de todo aquele processo, minha filha nasceu às 21:55, linda e perfeita. Nossa que alívio!..mas emocionante. Momento único. Inesquecível. Inexplicável. Ela primeiro tociu e depois chorou com uma voz rouca. Muito lindo esse momento. Nunca vou esquecer. Eles ainda trouxeram minha filha para eu olhar seu rosto. Amei!
Quando terminou o procedimento do parto cesário, fui colocada em uma maca para ser levada a uma enfermaria. Eles colocam uma manta em cima das operadas porque dá frio após a cirurgia. Só que quando as enfermeiras estavam me levando. Senti vontade de vomitar. Elas disseram que não podia porque arrebenta  com os pontos. Mas eu vomitei. Elas se desesperaram. Mediram minha pressão e estava baixa. Aí que elas ficaram preocupadas, mas foi o jeito me levar assim mesmo para a enfermaria. Chegando lá eu comecei a tremer de frio. Parece que a gente congela depois da cirurgia. Mas passou. O problema veio depois, porque não tinha acompanhante pra mim e eu fiquei sozinha. Por eu estar sozinha não pude ficar com minha bebê. Minha irmã ficou até umas cinco horas da tarde esperando a hora da minha filha nascer, mas um enfermeiro falou à ela que não havia previsão para o meu parto acontecer porque eu não sentia nada. Aí ele mandou ela de volta para casa e eu fiquei sozinha.
Eu ainda estava anestesiada quando uma enfermeira entra na sala com minha bebê no colo e chorando muito,ela estava com um escalpe no braço por estar tomando medicamento, já que ela passou da hora de nascer, apesar de estar com apenas oito meses de gravidez, ela fala que minha filha está chorando muito e não deixa os outros bebês do berçário dormir, então não tem como a neném ficar lá. A enfermeira me perguntou se eu tinha acompanhante, eu disse que não. - Então a sua nenem não pode ficar com você, mas não tem outro jeito. Quando ela colocou minha filha sobre meu peito, ela parou de chorar, mas a enfermeira foi embora e a deixou comigo. Um braço estava ocupado com um soro, apenas o lado direito estava livre para segurá-la. Por isso acabei passando a noite em claro com medo dela cair, já que não podia me mexer. As horas passaram tão devagar, meus olhos teimavam em fechar, mas eu tive que suportar o sono. Seis horas da manhã liguei para minha irmã, pedindo seu auxílio. Nesse meio tempo uma enfermeira aparece, olha para mim e meu bebê e me pergunta mais uma vez se eu não tinha acompanhante e desesperada falou que uma recém operada não pode ficar com o recém nascido sem acompanhante. Ela pegou minha filha e a levou de volta para o berçário. Creio que não teve coragem de dizer para a supervisora que isso aconteceu. Depois disso outra enfermeira entra e tira o escalpe que eu estava tomando medicamentos. Imaginei que eu não iria mais tomar nada. Como elas trabalham com isso não quis questionar. Às nove da manhã minha irmã chega, me deixando mais aliviada, pois minha filha pôde voltar a ficar comigo. Até que entra outra enfermeira e em sua mão uma injeção enorme, fiquei desesperada só de imaginar aquilo entrando em meu braço, a injeção era para passar a minha dor, mas eu fiquei tão espantada com o tamanho da injeção que acabei dizendo que eu não estava sentindo nada de dor, se eu estava sim. Às nove e cinquenta e cinco eu era obrigada a levantar, porque após doze horas da cirurgia é obrigatório a mulher levantar. Mas eu não imaginava que eu iria passar pelo pior momento de dor física que já tive em minha vida. Agora imagine alguém que acabou de passar por uma cirurgia, com um corte enorme no abdomen e sem ter tomado nada para disfarçar a dor. Pois foi isso que aconteceu comigo. Foi necessário quatro mulheres para me levantar. Ao tentarem me levantar senti uma dor tão grande, mas tão grande que quando elas conseguiram me sentar, desmaiei de tanta dor e cai para trás. As enfermeiras imediatamente correram e levantaram minhas duas pernas com medo da cirurgia abrir. Quando me colocaram de volta para deitar senti a horrível dor de novo. Nunca esqueço dessa sensação horrível. Mais tarde resolvi levantar de qualquer jeito, porque elas iriam me obrigar de novo, mas sem elas por perto seria melhor. Foi o que eu fiz. Pedi ajuda a algumas mulheres e levantei com  toda aquela dor. Fui andando para o banheiro como se estivesse corcunda, pois não conseguia me erguer, a dor era tremenda. Depois consegui tomar meu banho com muita dificuldade, mas consegui. Pude ter minha "filhota" em meus braços e admirá-la.
Depois de tudo isso pude curtir minha filhota e experimentar a emocionante tarefa de ser MÃE.